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Conversa com um Deus ignorado

Cada pessoa pode encontrar sua linguagem pessoal e relacionar-se com um poder espiritual, um Deus, um poder criador e superior. Também poderá passar uma vida inteira sem fazer esta pergunta a si mesma: Deus existe? Porque para que um Deus exista, ele deve ser crível, acreditável e ser evocado.

Acreditável, sim, mas não precisa ser decifrado. Na verdade seu charme é o mistério de um plano acima do concreto. Entretanto, ele precisa estar aberto ao diálogo com a pessoa que o busca, afinal é a instância mais profunda disponível para a consciência. E precisa responder de volta e se fazer sentir com sentido.

Em " A presença ignorada de Deus" (Vozes, 2007, 10a. edição), Viktor Frankl nos diz: "há um sentido encoberto que está acima de tudo, situado num outro plano, para dentro do qual devemos segui-lo" (página 107). Nesse plano, deveremos abandonar tudo que sabemos, não seguir pelo conhecimento, mas pela fé. Nele estamos sozinhos (mesmo que frequentemos uma religião formal) pois neste plano cremos ou não cremos.

O amor e a fé, diz Frankl, não podem ser manipulados pelo discurso envolvente de um líder. Não somos persuadidos. Simplesmente estamos lá, num NOVO caminho.

Na Logoterapia, fazer esta conexão não é algo intangível, pois o sentido deverá ser manifesto no concreto de nossa vida, como uma ética e uma responsabilidade. É quando paramos de encher o vazio existencial com coisas como lazer, companhias, sexo, consumo, bens ou religiosidade, que o que realmente precisamos se mostra.

A sociedade, diz o autor, leva a uma neurose de massa ao oferecer mil formas de contentamento. Quase não sobra espaço para a pergunta primordial: o que é aquele sentido que nos ouve quando, falando conosco mesmos, nos inspiramos a sermos melhores, altruístas e responsáveis.

Quem é parceiro dos nossos diálogos internos, quando alguma sabedoria brota de plano pouco conhecido, digamos ignorado?

Se não há nada lá, porque refletimos e dizemos "de mim mesmo não fujo" ou " não posso mentir para mim mesmo".

Ao concluir, Frankl diz que esse "mim" é o "eu-tu" mencionado pelo filósofo Martin Buber. É relacionamento, diálogo.

Chame isso pelo nome que você quiser, mas parece que Deus não se aborrece se você confundi-Lo com o "eu" que mora aí dentro.

Foto: Rosemari Gonçalves


Referência:

FRANKL, V iktorE. "A Presença Ignorada de Deus" (Editora Vozes, 2007)


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