Não é a vida que gera angústia, mas sua finitude!
- rosemari gonçalves
- 15 de ago. de 2020
- 2 min de leitura

Frequentemente somos abordados por amigos que perguntam: O que você anda fazendo da vida? E aí passamos em memória alguns fatos como os mais dignos de serem contados ou às vezes respondemos: “Nada de especial”. Porém, cada instante precioso com propósito guarda a chave de uma vida inteira. Não desperdice!
A Filosofia nos conta que o que mais assusta o homem é o Nada, o não fazer, o não pertencer e o não deixar legado.
Martin Heidegger (1889-1976) foi teórico alemão da corrente existencialista e um dos maiores filósofos do século XX. Ele dizia que tanto o antes como o depois estão unidos pelo agora, ponto de partida para o que ele chamou dasein – a existência vivenciada no mundo, com consciência. A morte nada mais seria que o rompimento de nossa relação vivencial com os outros.
Enquanto o fim não chega, somos seres no tempo, para o tempo. E o tempo só existe pela nossa percepção da passagem do antes-agora-depois. Por isso, mesmo a percepção de tempo é diferente para cada um e sujeito ao acaso de outros seres viventes e agentes externos na história.
Somos possibilidades de ser, a cada hora e a cada vez, em construção daquilo que é o “nós-no-mundo” (expressão minha, não de Heidegger). Em essência nunca terminamos, o que finda mesmo é a nossa cronologia. Finitos. Porém eternos.
Dizemos "Fulano viveu de tanto a tanto", mas Heidegger sugere que, ao interagirmos no mundo sobrevivemos ao kronos porque apesar de estamos lançados numa jornada pessoal, a Vida e a Natureza tem seus próprios desdobramentos.
Sabemos que o ser humano existe na precariedade de sua existência mortal. Nesse intervalo onde vivemos oportunidades de crescimento ou de retrocesso, Diz o filósofo que ao descobrirmos quem somos nos tornaremos futuro.
Porque nosso tempo, meu e o seu, leitor, se confunde e se funde com o tempo do Universo, Platão já dizia que o tempo se confunde com a eternidade. O tempo “passa de evento em evento”. O tempo surge novamente a cada momento. Nesse instante exato do agora (kairós) somos o que já foi vivido. Fazemos História.
Até a mais ligeira fase no nosso crescimento é longa o suficiente para o que nos é proposto pela Vida. Representamos assim a foto e o fotógrafo, o mensageiro e a mensagem ao mundo em que estamos. A vida não é um esforço desgastante e inútil, por mais rápida que tenha sido. O tempo sempre está, pode crer nisso, a nosso favor.
Desocupe-se de coisas supérfluas e seja o que nasceu para ser, então terá vivido para a eternidade;
(Rosemari Gonçalves no Facebook)
Referência:
Reis, José – O Tempo em Heidegger – Escola Filosófica de Coimbra, 2005.
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